Verônica Ferriani se junta a Áurea Martins para cantar representações do feminino no último single antes da chegada de seu novo álbum

Verônica Ferriani ainda não era mãe quando compôs “Cochicho no silêncio vira barulho, irmã”, single que chegou no dia  8 de março e que traz a participação da carioca Áurea Martins, voz emblemática e essencial para a história da canção brasileira. Mas a temática do cuidado, e como ele é delegado às mulheres, já surge na canção, a última a ser lançada antes da chegada do novo álbum da artista, que tem lançamento no fim deste mês. E não só ele - a liberdade usufruída pelos homens também aparece na música, que questiona o papel da mulher de forma mais ampla. O disco, que conta somente com mulheres em sua ficha técnica, permeando todas as etapas do trabalho, é centrado na construção de um diálogo sobre os pesos e desejos de ser mulher hoje mas, acima de tudo, traz a busca pelo diálogo para equacionar essa conta.



ouça “Cochicho no silêncio vira barulho, irmã”


O novo single integra o álbum duplo de 20 faixas, dividido em “Cochicho no silêncio” e “Vira barulho, irmã”, com lançamento marcado para 22 de marçoA extensa lista de participações femininas ainda não foi revelada, mas já conta com Alessandra Leão, que integra o primeiro single, Não Me Contento, lançado em 15 de dezembro de 2023, e Áurea Martins, que participa da nova composição. A dupla já demonstra diversidade de gerações e tempera sua sonoridade com sotaques de diferentes regiões do país. Com paisagens de cidades antigas, olhares cuidadosos e representações femininas como a mãe e a ama de leite, “Cochicho no silêncio vira barulho, irmã” tece elementos de ancestralidade para falar do cuidado. Em ritmo de samba, a canção reconhece o papel do cuidado e expressa não o desejo de ser o homem, mas de ter a liberdade dele.


Crédito: Thais Taverna

Para Verônica, é muito simbólico escolher uma canção deste gênero para antecipar o disco. “Samba é o lugar onde o público mais me reconhece, é uma linha mestra do meu trabalho. Ainda que eu tenha seguido por outros gêneros, o samba é o caminho que mais se abriu para mim e onde eu também mais mergulhei. Então retomar esse disco com o samba traz um respaldo do meu lugar”, explica a artista.


Verônica e Áurea: encontro de gerações

A participação de Áurea Martins vai muito além do impacto de sua carreira e de sua importância como mulher negra na música brasileira: os shows com Áurea no bar Carioca da Gema trouxeram grandes transformações em sua carreira.


A escolha da Áurea é muito simbólica, como alguém que traz um conhecimento ancestral, e esse disco traz uma ancestralidade muito forte, por falar de maternidade. Eu, sendo de São Paulo, fui recebida muitas vezes por Áurea para cantar no Rio. Tenho por ela uma relação de respeito de mãe mesmo”, conta Verônica.


Sobre o álbum

O álbum duplo “Cochicho no silêncio” e “Vira barulho, irmã” traz em seus títulos (e faixa-título) um chamado para a ação: uma narrativa feminina para além do discurso. O projeto é descrito por Verônica como confessional, quase biográfico. Tendo o trabalho maternal como base temática, a artista elabora sentimentos como raiva, frustração, mas também a vontade de buscar junto novos caminhos para resolvê-los.


“No álbum, as questões culturais e históricas que dificultam nosso movimento livre ficam aqui poetizadas. O desejo é ser mais uma voz no movimento por narrativas femininas, aqueles em que a gente se reconheça, neste chamado a uma forma mais equilibrada de ocupação do nosso mundão”, conta Verônica. 


O projeto é um convite para a união e o questionamento desse espaço de fragilidade e competição feminina. Verônica completa: “Quem se fortalece, não compete”. E este é um álbum de muitas forças.

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