NATURA MUSICAL E PÓÇA APRESENTAM "ELÉTRICA"

Póça, grupo formado pelas artistas Carolina Botura, Chris Tigra, Fernanda Branco Polse, Julia Baumfeld, Maria Moreira e Sara Não Tem Nome, lançaram no dia 22 de maio, segunda-feira, a obra audiovisual experimental “ELÉTRICA”. O trabalho é fruto de uma imersão na CASA PÓÇA, residência artística realizada em 2022 na Feira Livre do Mercado Novo, em Belo Horizonte, quando as artistas ocuparam um espaço no andar térreo do mercado, no intuito de produzir música e artes plásticas, tendo como convidadas duas artistas de outros estados: Jadsa (BA) e Sáskia (RS). Sonoridades, artes plásticas e visuais, performances e ações na rua integram a obra, cujo projeto foi contemplado pelo edital nacional da Natura Musical e pela Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais. 

Crédito: Dolores Orange 

“O nome ELÉTRICA tem a ver diretamente com o nosso encontro com a rede de energia do espaço do mercado, que inicialmente não estava preparado para receber nossos vários equipamentos de som e instrumentos musicais. Ter que transformar, mexer na fiação e colocar nossa energia nisso fez com que a gente criasse nossa própria energia sonora e elétrica”, explica Julia Baumfeld.

 

“Nossos encontros em jams e ações abertas à participação de qualquer pessoa tiveram essa potência, desenhar junto, criar junto, interagir com o território, com os trabalhadores locais… a geração de eletricidade é isso, né? A partir do potencial elétrico de diferentes pontos de um condutor se estabelece uma corrente, uma força motora. Nosso trabalho surgiu disso, se tornou isso, com a especificidade de ser um espaço de autonomia e desfrute criativo proposto por um grupo de mulheres diversas, fato intrínseco que resulta em algo político também”, completa Chris Tigra.

 


ELÉTRICA apresenta essa energia em um compilado de imagens e sons que retratam um pouco do que as artistas viveram na Casa Póça. “Durante o processo de edição fizemos colagens sonoras e visuais a partir dos registros das atividades que aconteceram na residência, onde a provocação do próprio território se juntou a nós enquanto espaço de experimentação.  Estão presentes no trabalho, por exemplo, o Desenho Sônico, atividade aberta à participação do público onde captamos o som de uma mesa de desenho coletivo feito com carvão e cúrcuma, provenientes de uma loja do mercado. Outro exemplo é o dia em que estendemos um rolo de papel na avenida para pedestres, carros e ônibus passarem por cima, o que culminou na ação “Semeai, Frutificai” com a gente distribuindo comidinhas da feira livre na rua e cartazes feitos na hora com o papel rabiscado pelas marcas de veículos e transeuntes da cidade”, conta Sara Não Tem Nome.

 

A obra audiovisual contou com imagens de registro feito pelas artistas residentes, além de Dayane Tropicaos e Dixavado Emici. Na parte artística, além das convidadas Jadsa e Sáskia,  participaram Suellen Sampaio, Debris Oliveira e Luiza Fonseca, artista e produtora executiva da Casa Póça.  “São registros que convidam para um tempo dilatado, um tempo performático. Nossa intenção é propor uma pausa poética. Então não tem o ritmo de um reels, por exemplo. E para mim uma das maiores belezas desse trabalho é a sensação de estar vendo o mundo, o Mercado, as performances —tudo através de outros olhos. Quando se decide captar um acontecimento, você sempre está deixando de captar um outro acontecimento que pode estar acontecendo ali ao lado. Essa é a magia do ponto de vista, a poética do recorte, que sempre vai excluir mais do que mostrar. Isso me encanta!”, afirma Fernanda Polse.


Assista em https://youtu.be/eI1SMl3Mi7E


O projeto Casa Póça foi selecionado pelo edital Natura Musical, por meio da lei estadual de incentivo à cultura de Minas Gerais (LEIC), ao lado de Coral, Luiza Brina, Mostra Afro Barreiro Alforriado Matias, Mostra Negras Autoras, O Som dos Campos, Encontro Cultural de Milho Verde e Pássaro Vivo. No Estado, a plataforma já ofereceu recursos para mais de 160 projetos de música até 2022, em diferentes formatos e estágios de carreira como Maíra Baldaia, Sérgio Pererê e Meninos de Araçuaí. 


“A plataforma impulsiona movimentos e comunidades engajadas com a música que são capazes de aproximar as pessoas. Nós acreditamos que a pluralidade de visões de mundo, culturas e realidades representada pelos artistas, bandas e coletivos selecionados pelo edital Natura Musical têm potencial de construir uma visão coletiva de um futuro mais plural, inclusivo e sustentável ”, afirma Fernanda Paiva, Head of Global Cultural Branding.


 



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