Muato comemora sucesso do filme "Rio, Negro"

O multiartista Muato desponta em uma nova experiência musical, agora no cinema. Autor da trilha sonora do documentário “Rio, Negro”, em exibição pelo país, ele celebra o sucesso de público e de crítica da produção, dirigida por Gabriel Barbosa e Fernando Sousa, e fala sobre o seu processo criativo e o impacto desse trabalho em sua trajetória.


Crédito: Paulinho Felicíssimo

- O processo de criação da trilha foi intenso não só pela quantidade de temas compostos, e demanda criativa e de gravação de todos os instrumentos, mas, sobretudo, pelo mergulho emocional que o filme exigiu por tratar de questões tão importantes para mim - revela Muato. 


Cenas do documentário “Rio, Negro”.


“Rio, Negro” é um documentário que apresenta um olhar possível para a história do Rio de Janeiro, assentado na presença e contribuição da população negra de origem africana na formação da cidade. A partir de entrevistas e de amplo material de arquivo, a narrativa busca desvelar como a população negra forjou trajetórias individuais e laços comunitários em uma cidade diaspórica marcada pelas disputas em torno do projeto civilizatório das elites brancas. Com depoimentos de personalidades como Haroldo Costa, Luiz Antônio Simas, Mãe Meninazinha de Oxum, Tainá de Paula, o carnavalesco Leandro Vieira, Helena Theodoro, o filme, da Quiprocó Filmes e da Casa Fluminense, confere centralidade a esse debate, articulando o ideário racista, a transferência da capital para Brasília e suas consequências político-institucionais para o Rio de Janeiro.


- A gente passa pela beleza e pela dor, e esses polos coexistem na sonoridade como um todo! A direção do filme conseguiu resgatar pontos muito sensíveis da nossa história. Sinto-me agora mais fundamentado por esse passado relatado por tantos pesquisadores incríveis. O que, para nós, pessoas negras, é fundamental para seguirmos avançando - conta o multiartista.


Artista urbano afrodiaspórico


Muato é de Vila Isabel, bairro do subúrbio carioca famoso por revelar ícones da nossa cultura, como Noel Rosa, Martinho da Vila e Carlos Dafé - e iniciou sua trajetória no estudo da música de concerto, mas foi muito além, se destacando pela sua atuação em diversas funções. Considerado um dos artistas mais talentosos da geração, MUATO está na mira dos curadores de festivais, editais e premiações. Com a agenda disputada para 2023, já tem participações previstas em festivais, shows, eventos e aprovação em diversos editais para projetos.  

 

Artista urbano afrodiaspórico, assina trilhas de diversos espetáculos de destaque no teatro, como “O Pequeno Herói Preto”. A notoriedade do seu trabalho já o levou a conquistar prêmios internacionais no Awards Deutscher Rock & Pop Preis 2019, ganhando nas sete categorias indicadas, entre elas, "Melhor Disco de World Music", "Melhor Disco de Pop Latino" e "Melhor Arranjo", como produtor musical, e, no Brasil, o prêmio APTR pela canção da peça "OBORÓ, Masculinidades Negras", em 2020. 

 

Essa trajetória faz com que ele expresse sua vivência artística em muitas camadas em "AfroLove Songs ou A Canção Urbana de Amor Política". A série musical e poética sobre o amor vivido por pessoas negras gera reflexão sobre a interferência das questões político-sociais na forma de se viver as relações. O resultado é uma música urbana com sofisticação poética e flerte estético com o R&B, Rap, Música Brasileira e Jazz. O projeto tomou tamanha proporção que se desdobrou nas criações do festival “Afrolove”, que reúne e protagoniza a juventude preta do Rio de Janeiro nas suas mais diversas expressões artísticas, e na “Muato Sessions”, temporada de shows e conexões com diversos artistas, que retoma as apresentações em abril, no Centro Cultural Casa com a Música, na Lapa.


Mais informações: 

https://muato.com.br/ 

@muatomuato

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