Exaustas em várias cores: Julia Branco, Luiza Brina e Sara Não Tem Nome fazem graça do tropeço e sintetizam a estética visual do Clube das Exaustas no clipe “Exausta”

Fotos: Daniel Pinho

Assista ao clipe: https://youtu.be/GndHQ8Kfj40


 Por Julianna Sá e Wagner Rodolfo


O tropeço como estética. O erro como linguagem. A sátira de si. O Pop. Porém, cansado. Essas são sínteses possíveis para o clipe de “Exausta”, primeiro projeto audiovisual feito a partir do encontro de Julia Branco, Luiza Brina e Sara Não Tem Nome no que elas batizaram de Clube das Exaustas. O clube musical e visual do Pop Cansado, como as três artistas mineiras sintetizam. Com direção de Fernanda Branco Polse e Sara Não Tem Nome, direção de fotografia de Daniel Pinho, cenografia de Gabriela Brasileiro e fotografia still de Bárbara Moreira (Babs), além de apoio do Studio Pinho, o videoclipe condensa em imagens um pouco do que o encontro das três representa: a liberdade de criar fora de seus trabalhos solos, e o espaço de se permitir ser (ainda mais) elas mesmas. 

Com direção Inspirada nas pinturas de Rosa Maria Unda Souki e nas cenas de Pedro Almodóvar, “Exausta”, o clipe, nos bombardeia de cores que contrastam com o conteúdo da letra. Quanto mais Julia, Luiza e Sara cantam sobre uma sociedade da exaustão, e performam o cansaço, mais quente e vibrante fica a tela, tal como o ritmo da música. Composta coletivamente pelas três, e produzida por Luiza Brina, a canção também é algo vibrante e quente. Tanto a música como o videoclipe atuam com um certo deboche ao fato de estarmos todos cansados, mas continuarmos seguindo.


A gente está amparada na ideia “diva que tropeça”. Essa que não tem glamour algum, a diva do dia a dia - comenta Julia Branco, recém mãe exausta, e que gravou o clipe ainda grávida da sua primeira filha. 


Referências


Diretora ao lado de Fernanda Branco Polse, Sara Não Tem Nome conta que para a concepção do clipe, pensaram muito também nos vídeos de publicidade, e na estética de trazer uma modelo sempre apresentando algo a ser vendido. No clipe de “Exausta”, essa ideia foi trabalhada com desdobramentos desastrosos, atrapalhados, ou cansados. 


A lista de referências é vasta: a cena de Sara com os cigarros partiu da imagem de Jean Cocteau fumando; A fotografía chamada “Mop” de Alex Kisilevich, serviu de referência para cena de Luiza Brina com esfregões; Sara lotada de post-it surge a partir da obra “Remember Forget”, de Shima. O arco é longo, e chega à cultura pop contemporânea. A cena final das três fazendo a dancinha do cansaço, por exemplo, traz as artistas posicionadas tal como As Meninas Superpoderosas.


Pop Cansado

Reunindo três dos mais destacados nomes da cena contemporânea mineira nos últimos dez anos, “Exausta” apresenta a síntese do sentimento contemporâneo, em especial o das mulheres: estamos todas exaustas. E ainda assim, dançando. A composição conjunta de Julia Branco, Luiza Brina e Sara Não Tem Nome, com produção musical de Luiza Brina, interpretada pelas três, mescla linguagem pop tropical ao indie pop, no que chamamos de Pop Cansado. Entre beats e queixas, timbres e reclamações.


Ouça Exausta: https://tratore.ffm.to/exausta

Apostando na universalidade do sentimento, e em arranjos e timbres tão rítmicos quanto melódicos, o Clube das Exaustas sugere uma possibilidade dançante para o cansaço. Um som que traça uma ambiência deliciosa para gastarmos nossa exaustão em conjunto. No Clube das Exaustas.







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